A Quinta Estação, de Mons Kallentoft, [Opinião]



Género: Policial/Thriller
Editora: Dom Quixote
Sinopse: Aqui

Opinião: By Aneal

Mons é um fenómeno da literatura policial nórdica. Para mim os seus livros são “arte”, a sua escrita é quase poética no meio de todo aquele horror e de um mal no seu estado mais puro. Uma escrita macabramente envolvente, uma exploração assustadora do comportamento humano.
A sua ousadia vai muito para além do que outros autores se atreveriam, mas é isso que faz com que Mons se destaque, tornando-se para alguns um autor estranho e para outros um autor a seguir religiosamente.

Um livro que não nos poupa a pormenores, com descrições arrepiantes do estado e tortura a que foram sujeitas as vitimas, que nos faz perceber que ainda não lemos tudo que há para ler sobre a maldade e escuridão que habita no ser humano.

Os livros de Mons têm em mim um efeito hipnotizante, uma vez iniciado não há como largá-lo. Não são livros para se lerem na paragem do autocarro, no comboio ou em qualquer outro lugar público, são livros para saborear cada palavra num ambiente de conforto, sem horas marcadas para interrupções.

São como arreias movediças que me arrastam para as profundezas, das quais não quero voltar, deixando-me envolver pelos seus cenários perturbadores, pelas paisagens cheias de vida narradas através de figuras de estilo e pelo encanto dos parágrafos das vitimas que falam com Malin e com o leitor num plano superior após a morte, sendo esta uma grande marca do autor.

“ A Quinta Estação” é um livro assustador e impressionável, que vem fechar o capítulo acerca do grande mistério que envolve a personagem do primeiro volume da série - Maria Murval, graças à persistência e obsessão de Malin. Esta, embora consiga mudar um pouco o seu rumo neste livro, continua a lutar contra os esqueletos que guarda no armário, procurando alcançar a paz.  Os monstro que habitam dentro dela, continuam alimentar-se dos seus sonhos, dos seus medos, exercendo controlo sobre a sua vida sofrida. Ela é uma agradável companhia ao longo das 500 páginas. 

Como já deu para entender, adorei "A Quinta Estação", gosto cada vez mais de Mons Kallentoft e após a leitura deste último livro, para mim o melhor de todos, posso acentuar, que pertence à lista dos meus autores preferidos.

Classificação Aneal: (9/10)

O Segredo do Escritor, de Liz Nugent, [Opinião]



Género: Thriller
Editora: Marcador
Sinopse: Aqui

Opinião: By Aneal


O livro começa com a narrativa na primeira pessoa de Oliver, que me provocou um sabor a fel na boca, tal é o veneno que escorre daquelas palavras. Somos confrontados com uma personagem desprezível, repugnante, um sociopata, no entanto com o avançar da leitura fui-me habituando e deixei de estranhar as suas narrativas e em determinada altura, embora não aceitando-o como justificação para qualquer atitude, acabei por perceber como pode alguém se tornar assim.

Para além dos capítulos narrados por Oliver, também ao longo do livro, várias personagens intervém, cada uma com direito a um capítulo contado na primeira pessoa, relatando de forma lenta para conservar algum mistério ao longo do livro, uma sequência de acontecimentos onde estiveram envolvidos juntamente com Oliver. Esses relatos vêm confirmar ainda mais a sua mente perturbadora. Ele é nos dado a conhecer, não só através dos seus pensamentos e sentimentos, como através desses relatos. Este livro é escrito sob a forma de testemunhos.

A minha repugnância por Oliver andou sempre de mão dada com a intriga, terá havido em determinada altura algum acontecimento desencadeante que o levara a tornasse naquilo que era?

Um livro que me colocou nos bastidores da história de um homem e ao mesmo tempo diante da sua autobiografia, reforçada com o testemunho de todas as personagens do livro.
Ao longo do livro, foi traçado um esboço, pintada uma tela, cuja obra final é um “homem perfeitamente monstruoso”.

“O Segredo do Escritor” é um thriller diferente pela forma como está estruturado, gostei dessa estrutura. Embora o enredo não me tenha enchido as medidas, não deixou de ser bastante interessante conhecer a mente de um sociopata, da capacidade de jogar também ele com a mente dos outros e do argumento usado pela autora como fator desencadeante. Lê-se bem e rápido.

Classificação Aneal: (6/10) 


A Casa da Morte, de James Patterson e David Ellis [opinião]


Género: Thriller/ Policial
Editora: Topseller
Sinopse: Aqui


Tiro opinativo: By Corvo 

Este thriller deixou-me extremamente satisfeito, valeu bem a pena ter arranjado este cartucho e foi perfeito tê-lo explodido em dias de calor, com o mar como pano de fundo, até porque que já há algum tempo que não lia policiais e por isso fui agradavelmente surpreendido. 

Pensei que o assassino era aquele, depois era o outro… À medida que lia, ia ficando mais baralhado, vários suspeitos… Fiquei desconfiado em relação a um sujeito, mas ponderei que não podia ser esse, e afinal era esse mesmo. 

Nos policiais, os fortes suspeitos nunca são os assassinos, por isto é fácil para quem lê demasiados policiais, no entanto este cartucho tem os ingredientes originais (relativamente à Casa da Morte e à família de várias gerações) e fica-se sempre com comichão até as peças se encaixarem nos devidos lugares. 

E gostei bastante do final. 

Foi a primeira vez que li o cartucho da dupla James Patterson e David Ellis, fazem um bom par de escritores, constei a diferença entre os dois, as cenas passadas no tribunal é com Ellis uma vez que ele próprio é advogado; e os crimes, o suspense e as personagens são com o Patterson que é bom nisso, que faz com que fiquemos envolvidos no enredo sem darmos conta do tempo e da realidade, sentimos na pele o ambiente macabro da Casa da Morte. Desta dupla, saíram publicados mais 2 cartuchos, “Invisível” e “A Amante” que vão ser os próximos a ser explodidos. É uma dupla a seguir.


Opinião: By Aneal


Antes de começar a escrever a minha opinião, quero aqui deixar uma critica. As capas e os títulos dos livros de Patterson, nunca foram muito atractivas na minha opinião, e esta não fugiu à regra, aliás a casa, muito bem descrita no livro, é completamente diferente daquela que vemos na fotografia da capa. É uma casa de estilo gótico, em forma de castelo...não preciso dizer mais nada.

“A casa da morte” cativou-me logo de início pelo facto de estar escrito, em separações temporais alternadas, coisa que venho a gostar cada vez mais. Está separado por “livros” dentro de um só livro. 

No presente, Um duplo homicídio cruel, a captura e acusação de um homem - Noah, uma investigadora que inicialmente duvida da sua culpabilidade, mas um acontecimento dramático vem alterar tudo. 
Uma batalha em tribunal, uma acusação disposta a tudo até mesmo à mentira para encarcerar Noah até ao restos dos seus dias. Uma defesa que se agarra à falta de provas e ao facto das testemunhas serem pouco ou nada fiáveis...a vitória da acusação, a prisão de Noah. O desespero deste homem vendo a sua esperança a morrer dia após dia, sem conseguir visualizar qualquer futuro, ele que se torna cada vez mais duro e amargo. 

Também aqui é nos apresentada a inspectora Jenna, uma mulher habituada a confiar no seu instinto, que tem dificuldade em relacionar-se com o sexo oposto, cujo regresso aquela cidade trouxe-lhe pesadelos que ela não consegue decifrar, levando-a refugiar-se demasiado no álcool. Noah e Jenna foram duas personagens que me cativaram imenso.

No "livro" do passado, começamos a interagir com o criminoso, mantendo a sua verdadeira identidade anónima, mostrando até que ponto ele é um monstro com uma mente distorcida, infligindo uma morte lenta ás suas vitimas, tirando o maior partido do seu sofrimento, alimentando-se do medo das suas presas. Também ficamos a saber como procura e selecciona as suas vitimas e o que o impulsiona a cometer os seus crimes. Ele é um criminoso metódico, sádico e inteligente.

Um livro que a dada altura nos arrasta para o centro de um remoinho de acontecimentos, nos faz desconfiar de tudo e de todos, tornando-se difícil largá-lo,  pensando na urgência de chegar à ultima página. As últimas 100 páginas foram de pura ansiedade que não me derem tréguas.

Mais uma vez (isto porque tem me acontecido muito nos últimos tempos), vi confirmada a minha suspeita acerca do autor dos hediondos crimes, no entanto fui surpreendida no final por uma grande revelação. Um livro que proporciona uma agradável leitura policial.


Classificação Corvo: Cartucho de Prata (4,5/5)

Classificação Aneal: (7/10) 

Na Escuridão, de Faye Kellerman, [Opinião]



Género: Policial
Editora: Harper Collins 
Sinopse: Aqui

Opinião: By Aneal

“Na Sombra” é um policial com ritmo, cheio de protagonistas, onde suspeitos não faltam. Uma investigação com requinte, uma equipa de investigadores que cria uma grande empatia ao leitor, onde reina o bom humor, para além de estarem dotados de um grande profissionalismo. Faye conseguiu divertir-me com os diálogos das suas personagens.

ao contrário da maioria dos policiais, Faye criou como personagem principal Decker, um inspector-coordenador de homicídios à imagem de uma pessoa divertida, com uma relação de companheirismo com os seus subalternos, com um ambiente familiar sereno e de grande cumplicidade com a esposa. Deliciei-me com o afeto entre os dois e suas ternas picardias.

O enredo da história esse não é nada de complexo, sem grande enigma, com um final sem grande surpresas para mim, pois logo cedo consegui prever o responsável pelos crimes. No entanto é escrito de forma a proporcionar uma agradável leitura, acompanhando a investigação no terreno em tempo real, investigação essa baseada na eliminação de suspeitos, que como já referi, são bastantes. 

Um livro que se lê muito bem e embora as suas 430 páginas, não se tornou maçudo, pelo contrário foram cinco dias em torno de uma leitura mais relaxada e foram cinco dias, porque o calor foi inimigo da minha leitura, caso contrário nunca levaria tanto tempo.

Uma leitura que recomendo, uma autora acompanhar. Um livro que me deixou com pena de ter de abandonar as suas personagens residentes, adorei-as!

Classificação Aneal: (6.5/10) 

As Sombras da Dúvida, de Tom Rob Smith [opinião]



Género: Thriller Psicológico
Editora: Marcador
Sinopse: aqui



Tiro Opinativo: By Corvo



Este thriller psicológico prendeu-me a 100%! Desde o principio que não larguei o cartucho, devorando cada palavra e cada capitulo, totalmente intrigado e envolvido, se é verdade ou mentira, as provas, os suspeitos, os acontecimentos, a conspiração... Não estava mesmo a ver como é que esta história iria acabar, qual seria a reacção do filho  face à história cuidadosamente relatada pela sua mãe, em quem ele deveria confiar se na mãe ou no pai. Adorei o final, as investigações do filho, o encaixar de todas as peças, as revelações, as conclusões, e o que ele fez depois à mãe... Muito bom! Recomendo este livro, sem reservas.  É o autor a seguir, sem dúvida! 


«As vozes paralelas são cativantes, alternando verdade e conjetura de uma forma que nos confunde. Entre mistério e confissão. As Sombras da Dúvida está repleto de segredos. Fascina-nos, intriga-nos. Respire fundo e mergulhe com uma mente aberta.» - Shelf Awareness

«Arrepiante, hipnótico e completamente viciante.» - Mark Billingham


Classificação: Cartucho de Ouro (5/5)

O Livro dos Baltimores, de Joël Dicker, [Opinião]



Género: Romance/Drama
Editora: Alfaguara Portugal
Sinopse: Aqui

Opinião: By Aneal

Devido à minha lealdade e gosto quase unicamente pelo policial/thriller, foi um desafio para mim ler este livro de Joel Dicker, consciente de que estaria afastar-me da minha zona de conforto. Li em tempos “A verdade sobre o caso de Henry Quebert” que gostei imenso, mas desde já refiro que com este foi diferente e não me conquistou da mesma forma.

O livro é narrado por Marcus Goldman pertencente aos Goldman de Montclair, atualmente um famoso escritor, que se retira para uma das suas residências afim de escrever um novo livro. É nesse retiro e desencadeado por um encontro inesperado, que Marcus começa a reviver as suas memórias e lentamente vai nos contando através de uma narrativa, descrita com bastante pormenor, o seu passado e de toda a família Goldman. Um passado cheio de história e sentimentos, um mundo visto pelo olhar de uma criança e mais tarde de um jovem.
Um amor de juventude perdido, uma amizade intensa e sem limites, um amor aliado à inveja pelos primos e tios devido a uma riqueza e estatuto que ele não tinha, os ciúmes, a idolatração...a queda de um gigante..um drama.

Toda esta história é escrito em diferentes tempos alternados ao longo de todo o livro, não havendo uma ordem cronológica. Para mim estas diferenças temporais conferiram ao livro uma aceitável leitura, evitando se tornar demasiado maçudo. A mudança dos anos, a alteração das personagens envolvidas e os acontecimentos, permitiu manter a minha curiosidade em avançar na sua leitura. Mas tenho de confessar que houve alturas em que começava a ficar entediada, com a minuciosidade com que era relatado determinados períodos da vida dos primos, percebendo mais tarde a sua importância, para o desfecho daquela família.

“O drama” como lhe chama Marcus, é o acontecimento usado a maior parte das vezes para situar as histórias, “...meses antes do drama”, “...anos depois do drama” e cuja revelação foi adiada até quase ao final do livro e era esta palavra “drama” que ecoava na minha cabeça à medida que ia avançando as páginas. Uma palavra inteligentemente usada para me manter curiosa.

“O Livro dos Baltimores”, foi uma leitura completamente diferente do que costumo me propor a ler pois nada tem de thriller, no entanto não deixou de ser uma leitura agradável. Gostei imenso das personagens, vi neste livro um propósito, o de transmitir uma mensagem ao leitor no que refere a relações familiares, à amizade e outros assuntos de reflexão e até mesmo de aprendizagem. Foi este conjunto de fatores e a palavra “drama”, que mantiveram a minha leitura até ao fim.

Embora este não seja o meu género literário de eleição, não fico indiferente à escrita de Joel, classificando-o como um excelente escritor, com muita originalidade na forma como escreve e estrutura os seus livros. Este livro será a delicia de muitos leitores, disso não tenho dúvidas.

Classificação Aneal: (6/10)