Deixei-te Ir, de Clare Mackintosh, [Opinião]



Género: Policial e Thriller 
Editora: Marcador
Sinopse: Aqui


Opinião: By Aneal

Um atropelamento, uma fuga, uma criança morta...o desespero de uma mãe que a tudo assiste.

Um livro escrito inicialmente em duas frentes:

De um lado temos Jenna, uma personagem através da qual a autora consegue, criar um sentimento de dor e desespero tão real, que o leitor vê-se contagiado por esses sentimentos e é arrastado para um mundo dramático e cheio de emoções. Por momentos esquecemos que estamos perante uma ficção e todo aqueles sentimentos descritos entranham-se na nossa pele. Ela é uma mulher que vê seu mundo desabar, corroída pela culpa, pelo desgosto físico e psicológico...a luta pela sobrevivência de uma vida que insiste em acabar.

Do outro, uma dupla de investigadores que lutam contra a impotência, perante um crime que não tem qualquer ponta por onde pegar, que se vêm perante a ordem de arquivar o processo mas que o sentimento de falhanço para com aquela criança morta e sua mãe, impede-os de abandonar a investigação, persistindo na procura do autor do atropelamento. Também as suas relações profissionais e pessoais são exploradas.

Até sensivelmente a meio do livro é apenas isto e se não fosse a envolvente escrita da autora e o tão engenhoso contágio de sentimentos, eu teria começado a desmotivar pela falta do desenrolar da ação. Mas eis que de repente em apenas uma frase, vejo-me a parar na leitura para tentar digerir o que acabara de ler e dou por mim a repetir o gesto por uma segunda vez! O estado atónico em que fiquei durou alguns minutos, os quais aproveitei para relembrar tudo que tinha lido até ali, tentando perceber o que me escapara. Finalmente caindo na realidade tomei consciência de que acabara de tropeçar numa leitura que iria ser o meu desassossego, sendo invadida pelo desespero de entrar rapidamente na segunda parte do livro. Por isso, aconteça o que acontecer, leiam até ao fim.

Depois disto como podem ver, o livro está dividido em duas partes e assim que entramos na segunda, ficamos com a sensação de se tratar de um outro livro, mas é a partir daqui que começamos a perceber a importância da tão descritiva primeira parte, ela é primordial para provocar no leitor o choque. Começa então uma vertiginosa e arrepiante história de arrancar o fôlego. Caíamos num abismo de onde só conseguimos sair na última página.
No entanto gostaria de fazer uma pequena observação em relação ao final, houve ali um pormenor na história dispensável a meu ver, que fez com este se tornasse um pouco “fantasioso”.

Uma autora brilhante que conseguiu superar muitos dos thrillers que li até hoje, emocionalmente forte, inteligentemente escrito, um livro diferente que se tornou uma agradável surpresa. Clare foi neste livro uma mestra no ludibriar.

Classificação Aneal: (8.5/10) 


Teia de Mentiras, de Heather Gudenkauf, [Opinião]




Género: Policial e Thriller 
Editora: TopSeller
Sinopse: Aqui

Opinião: By Aneal

“Teia de Mentiras” é um livro que me despertou imensa curiosidade pelo título, pela sinopse e pela critica da imprensa, ainda mais estando classificado como um thriller psicológico.

Com a morte de sua tia, Jack vê-se obrigado a regressar à sua cidade natal acompanhado de sua esposa Sarah. A presença dos dois desencadeia uma serie de acontecimentos que são o foco de todo o enredo do livro, muito bem descrito na sinopse.

Sarah é a figura central de toda a ação, uma mulher que em poucos dias vê todo o seu mundo virado do avesso, quando a pouco e pouco começa a descobrir que esteve durante 20 anos casada com um homem, cujas historias por ele contadas sobre o seu passado eram baseadas na mentira. Uma mulher que vê o seu casamento até então feliz, a desmoronar-se como um castelo de cartas, soprado por um forte vento de mentiras e segredos. Como se isso não bastasse, vê-se também arrastada para uma investigação, cuja família do seu marido é suspeita.

Paralelamente a tudo isto e usando a sua experiência como ex-jornalista, começa também ela a sua própria investigação referente ao crime de à 30 anos atrás, com a esperança de descobrir toda à verdade acerca daquele homem com quem está hoje casada e pai das suas filhas. Mas à medida que vai desenterrando o passado, com ele crescem ainda mais as suas dúvidas e as respostas dão lugar a mais perguntas.

Numa cidade desconhecida, apanhada numa teia de mentiras, bem no centro de uma família disfuncional que vive assombrada pela tragédia, Sarah transportou-me para um mundo dramático, recheado de emoções fortes, onde reina a desconfiança, a angustia, o ciúme, o medo, um sentimento de traição...sentimentos capazes de enlouquecer uma pessoa.

Quanto ao final, confesso que já vinha a suspeitar do verdadeiro criminoso algumas páginas bem atrás, no entanto fui surpreendida pelo móbil, gostei da escolha.

“Teia de mentiras” é um Thriller psicológico light. Embora tenha gostado muito, acho que a autora era capaz de conseguir explora-lo um pouco melhor, aumentando o mistério em torno do casal, a pressão psicológica proveniente desse mistério em Sarah, confundir ainda mais o leitor e aumentar o seu sofrimento. Mas talvez o problema seja meu, por ser demasiado apegada aos thrillers psicologicos mais intensos e macabros.

Uma dica: Para quem quiser iniciar-se neste género literário e ache que não está preparada para os mais fortes, este é o livro indicado.

Poderia mesmo nunca ter percebido, ao longo de tanto tempo, quem era o verdadeiro Jack? Teria sido enganada pelos seus modos reservados e pacatos, confundindo-os com timidez e sensibilidade, quando na verdade era pura indiferença? Estaria ela desde sempre casada com um monstro?" (Teia de Mentiras, Heather Gudenkauf, Pág. 176)

Classificação Aneal: (6,5/10)

Fechada Para o Inverno, de Jorn Lier Horst, [Opinião]



Género: Policial e Thriller 
Editora: Dom Quixote
Sinopse: Aqui


Opinião: By Aneal

Sendo este livro o sétimo de uma serie que tem william wisting como protagonista, quero
começar por salientar, que me sinto indignada com esta nova “moda” que as editoras estão a começar adquirir de editar livros a meio das séries. No caso deste a Dom Quixote ainda teve o cuidado de colocar uma nota introdutória, onde nos faz uma breve apresentação das personagens principais, referindo também um ou outro acontecimento de valor dos anteriores, coisa que outras editoras nem têm o cuidado de fazer. Contudo não considero suficiente, senti que poderia ter aproveitado melhor esta leitura se viesse a acompanhar as personagens desde o inicio e apreciar melhor o trabalho de Jorn Lier Horst.

“Fechada Para o Inverno” é um puro policial realista, incidindo muito em como funciona uma investigação em tempo real, com os procedimentos descritos ao máximo pormenor através dos diálogos, a menção à lentidão no avançar da recolha de informação e pistas, a necessidade que muitas vezes existe em haver colaboração com outros departamentos das forças policiais, não fosse o próprio autor um ex-investigador policial, tendo assim escrito este livro à imagem do conhecimento que tem sobre o assunto.

Aquilo que à primeira vista parece ser um simples crime entre assaltantes, toma proporções mais elevadas quando os investigadores começam a juntar as pontas, levando-os a uma rede de crime organizado, obrigando mesmo Wisting atravessar fronteiras.

O enredo é simples, não deixando de no inicio aguçar a minha curiosidade, no entanto a partir de uma dada altura comecei a perder um pouco o interesse devido à evidência do enredo e à falta do mistério e suspense que para mim é fundamental num bom policial .

Gostei muito de Wisting, um homem muito intuitivo e catito, da sua filha, uma jornalista cujo gosto pela investigação também lhe corre nas veias. Quanto aos restantes personagens não há (pelo menos neste livro) grande destaque, cingem-se apenas a seguir ordens e a reportar as suas descobertas relativamente à investigação

Uns dos mais brilhantes escritores de policiais da atualidade” cita o The Sunday Times, lamentavelmente não posso tirar grandes conclusões quanto a isso, pois gostaria de ter conhecido este autor de forma diferente, ou seja, desde o inicio da sua escrita com o seu primeiro livro, acompanhando a evolução dos protagonistas e conhecendo os anteriores casos por ele explorados. Com isto perdemos todos, o leitor, a editora e o sucesso do autor em Portugal.

Á parte tudo isto, não se perde nada em ler “Fechada para o Inverno”, pelo contrário acho sempre interessante conhecer um novo autor policial.

Classificação Aneal: (6/10)

O Gabinete de Curiosidades, de Douglas Preston e Lincoln Child [Opinião]



Género: Policial e Thriller 
Editora: Ulisseia
Sinopse:Aqui 


Tiro Opinativo: By Corvo 


Este é o 3# volume da série Pendergast. Em comparação com os anteriores volumes, este é muito melhor sem dúvida. Se pretendem iniciar na série Pendergast, podem começar por este livro que não têm nada a perder. 

Tudo começa quando é feita uma descoberta arqueológica macabra: um ossário sinistro, que remonta ao final do século XIX, composto por trinta e seis esqueletos - todos eles pertencentes a pessoas assassinadas e horrivelmente mutiladas há cerca de cento e trinta anos, por um serial killer desconhecido. Quando a notícia aparece no jornal, a cidade é sobressaltada por uma nova série de assassínios perpetrados de maneira idêntica. 

Mais um caso para a intervenção do Pendergast, o agente do FBI extremamente enigmático, sensível e inteligente, com os seus segredos misteriosos e recônditos. Tive pena que neste livro não tenha aparecido o Tenente Vincent D’Agosta, o parceiro de Pendergast em livros anteriores, mas foi bom rever o jornalista hilariante Smithback e conhecer a nova personagem que é uma brasa arqueóloga Nora Kelly que irá colaborar com o invulgar agente do FBI na investigação do ossário e dos assassinatos ocorridos. 

O livro aborda o Horror inimaginável, capaz de causar arrepios e pesadelos! Mantive-me agarrado, absolutamente absorto na História, desde o principio até ao fim. Também me arrancou boas gargalhadas! Terror, suspense e diversão em mãos dadas, ingredientes permanentes ao longo do livro que me deu imenso prazer de explodir! Devorei em menos de uma semana e fui surpreendido com o final que me deixou sem fôlego. Muito bom! 

Que venham mais livros do admirável e excelente agente do FBI Pendergast e da muito aplaudida dupla Preston-Child!

Classificação: Cartucho de Ouro (5/5)

O Domador de Leões, de Camilla Läckberg, [Opinião]



Género: Policial/Thriller 
Editora: Dom Quixote
Sinopse:Aqui


Opinião: By Aneal

Camilla Lackberg é uma autora que venho acompanhar desde o seu primeiro livro “Princesa de Gelo” tornando-se numa das minhas autoras preferidas. Gosto da sua originalidade na escrita, da forma como ela atribui pequenos segredos ás suas personagens, da maldade que ela faz comigo quando estou prestes a ler algo crucial para o desvendar desses segredos e ela muda de capítulo, deixando-me chateada e obrigando-me a não largar o livro.

"O Domador de Leões" é uma história onde somos confrontados com personalidades de uma maldade extrema, capazes de tirar o máximo partido do prazer de magoar.

Dois mistérios, duas investigações. De um lado temos a investigação do rapto e tortura da jovem Victoria por parte de Patrik e da sua equipa, que deixa toda a população da cidade em estado de choque. Do outro, um mistério envolvente referente a um caso antigo dos anos 70, que desperta a curiosidade de Erica para a escrita do seu novo livro, levando-a a visitar na prisão psiquiátrica Layla, uma mulher acusada de  assassinar o seu marido e torturar a sua filha. Mas existe muito mais para além do óbvio e Erica está disposta a tudo para descobrir a verdade, sobre o que realmente aconteceu na casa onde viveu aquela família.

Este denso mistério, vai sendo apresentado não só através de Erica, como também de pequenos capítulos, escritos no passado, dando ao leitor a oportunidade de saber como tudo começou. Esses capítulos provocaram-me uma grande ansiedade e vontade de os procurar para ler todos de rajada, mas então toda a história perderia o encanto.

É com enorme prazer que continuo acompanhar as vidas e aventuras da família de Erica e Patrik, bem como o desenvolvimento das vidas pessoais dos restantes elementos da equipa da esquadra de Fjallbacka, já tão nossos familiares desde o primeiro livro da autora. Também o chefe Mellberg me divertiu imenso, ele que cada vez mais se torna numa figura caricata e única.

Dei comigo absorver cada palavra do livro, com a sensação de participar na ação e estar presente no cenário. Esqueci as horas querendo mais, sempre mais, os capítulos embora longos tornavam-se pequenos para a sede que tinha em desvendar os segredos guardados pelas personagens, segredos esse largados pela autora como uma semente que vai crescendo ao longo do livro. Adoro a forma como Camilla nos dá a volta, nos empurra para o labirinto, fazendo-nos acreditar que estamos prestes a desvendar algo, para nos apercebermos que afinal o mistério se adensa mais.

No entanto o final não me surpreendeu na totalidade, pois assim que entrei nas últimas 100 páginas comecei a ter as minhas suspeitas que vieram a revelar-se verdadeiras, é claro que mesmo assim ainda houveram algumas surpresas mas foi a primeira vez que isto me aconteceu com um livro de Camilla Lackberg, geralmente fico ás cegas até ás ultimas páginas ou então vejo cair por terra, todas as minhas teorias.

Outro ponto a referir em relação a este livro, é o final. Neste Camilla optou por atribuir um final diferente e por isso deixou a investigação por encerrar pela policia, apenas o leitor ficou a saber da verdade, com isto creio que haverá menção ao caso num dos seus próximos livros.

Resumindo: Camilla Lackberg continua a proporcionar-me elevados momentos de leitura, sendo uma autora obrigatória para todos os fãs do policial. Quem a conhece sabe do que falo.


Classificação Aneal: (8,5/10)

As Raparigas Esquecidas, de Sara Blaedel, [Opinião]



Género: Policial/Thriller 
Editora: TopSeller
Sinopse: Aqui

Opinião: By Aneal

“As raparigas Esquecidas” é o primeiro livro traduzido para PT de Sara Blaedel e com ele descobri mais uma talentosa autora nórdica.

A sinopse, fiel ao conteúdo do livro, por si só despertou logo a minha curiosidade com a promessa de ser um excelente livro, bem ao meu gosto como apaixonada que sou pelo policial e Thriller. Mas o aparecimento do corpo de Lisemette, é apenas o início de uma trama arrepiante que envolve uma série de violações e crimes violentos, numa floresta da Dinamarca.

Gostei bastante da escrita desta autora, agradou-me imenso a trama por ela criada jogando com uma bem elaborada investigação e com o relato da vida pessoal das personagens.
Um livro que nos faz pensar, abordando como tema a ignorância de muitos em relação ao destino de portadores de deficiências mentais, por vezes abandonados por opção ou não pelos seus familiares, não sabendo a que ficam sujeitos nas mãos de quem gere e trabalha nas instituições onde são internados. Embora o relato diga respeito aos anos 80, sabemos bem que ainda hoje muitos nestas circunstâncias, ficam esquecidos num quarto...numa cama...numa casa...o fardo dos familiares é entregue a outros, mas a partir desse instante será que sabemos o que lhes acontece assim que se fecha aquela porta atrás de nós?

Um policial muito bem escrito, gostei muito da protagonista Louise como pessoa e como investigadora, da relação com o seu parceiro de investigação Eik, que embora não tenha começado da melhor forma, foi melhorando ao longo da convivência e de todas as personagens no geral. Da forma como foi conduzida a investigação por parte da dupla e de outros elementos secundários. Da forma como a autora nos foi dando a conhecer ao longo do livro um pouco sobre a vida pessoal de Louise e seus fantasmas. Tudo isto tornou "As Raparigas Esquecidas" num livro envolvente e de leitura compulsiva.

O final, esse deixou muita coisa em aberto e a autora ofereceu-nos uma migalhita de suspense, por isso vou ter de aguardar pacientemente pelo próximo.

Sara Blaedel é sem dúvida uma autora a seguir, os meus parabéns pelo seu excelente livro.




Classificação Aneal: (8/10)