Explodido - "O Menino de Cabul", de Khaled Hosseini


Leitura: 7 a 14 de Junho
Páginas: 336
Editora: Relógio D´Água
Sinopse: aqui


Tiro Opinativo


Estou completamente impressionado e tocado com este livro.

Este livro relata a história de Amir, um escritor afegão imigrado nos Estados Unidos, que se vê obrigado a acertar as contas com o passado e retorna ao seu país de origem. O ponto de partida do livro é a infância do protagonista (sendo ele o próprio narrador), quando Cabul ainda não era a capital do país que foi invadido pela União Soviética, dominado pelos talibãs e subjugado pelos Estados Unidos.

Que contas tinha ele a acertar com o passado, este passado que o angustia todos os dias? Que aconteceu exactamente? Recuamos à infância do Amir, àquele tempo em que ainda se faziam torneios de papagaios de papel em Cabul. Amir vivia com o seu pai, um comerciante rico, e tinha criados Ali e seu filho Hassan. Estes criados eram hazaras que descendiam dos mongóis e que se pareciam com os chineses. Amir e Hassan, tendo quase a mesma idade, eram inseparáveis nas brincadeiras. Amir, já em criança, devorava livros e lia para Hassan, pois este não sabia ler nem escrever, até contava-lhe as suas histórias inventadas. Hassan era um rapaz tão leal e tão bom para Amir, que até doía o coração. Fazia tudo por ele… Foi no dia do torneio de papagaios de papel em que tudo aconteceu e a partir daí atormenta Amir…

Li esta obra, completamente absorto, longe da realidade actual, mastigando cada palavra que abarca a dimensão de sentimentos: amizade, traição, remorsos, redenção e perdão. Visualizei e cheirei o Afeganistão antes e depois da invasão. Senti emoções fortes sob o corpo e alma de Amir, o próprio relator do livro, que me fez derramar lágrimas.

Está tão bem escrito que queremos ler devagar e continuar a ler, foi o que me aconteceu, que foi mesmo difícil de chegar ao fim…

Este livro foi adaptado para o filme. Mal terminei o livro, pus-me a ver o filme alugado do clube de vídeo, desejoso por ver os rostos do próprio relator Amir, dos seus criados Ali com a perna direita torta e atrofiada e melhor amigo Hassan com o lábio leporino; do seu pai Baba que era bastante liberal e estimado por todos por ser extremamente bondoso; do amigo do seu pai Rahim Khan que o tratou com especial estima; da sua linda e doce mulher Soraya de cabelo comprido cor de carvão… Bem, fiquei desiludido com o filme, com os actores, com a história! Não é 100% fiel ao livro. Faltou no filme a intensidade de emoções que há no livro, não vemos o interior dos personagens e, além disto, não cumpre a ordem dos acontecimentos. Por exemplo, quando Amir fugiu do Afeganistão, tinha 18 anos, e no filme foge com 12 anos! Quando Ali e Hassan se foram embora, chovia bastante naquele dia, e no filme faz sol!

Por favor, não vejam o filme, leiam antes o livro. É para ler devagar. Apenas para ler.

É definitivamente um dos melhores livros que já li!



ClassificaçãoCartucho de Ouro

7 comentários:

  1. Bem, já andava curiosa com este livro e depois da tua excelente crítica e entusiasmante opinião, vou ter mesmo de ler este livro!
    Teresa

    ResponderEliminar
  2. Esqueci-me de te dizer uma coisa: Nunca mas nunca mesmo, vejas o filme dum livro que amaste... É sempre uma desilusão pois as nossas expectativas são tão elevadas que nada nos satisfaz e também porque os filmes são apenas uma pequena parcela do livro.

    ResponderEliminar
  3. Olha que não é bem assim, só para te dar um exemplo eu li o livro "O Grande Peixe" e adorei o livro, mas quem me emprestou o livro disse, vê o filme que ainda é melhor, e eu que nunca pensei que fosse verdade andei a adiar até que um dia resolvi trazê-lo da biblioteca e qual não é o meu espanto, que o filme era mesmo muito melhor que o livro, o filme deixou o livro muito aquém.

    Este livro pode ser bom, mas não me chama por aí além, se gostas deste género tens também de ler "O Livreiro de Cabul", é do meu género e passa-se também no Médio Oriente.

    ResponderEliminar
  4. Ora bem, como se costuma dizer é a excepção que confirma a regra!!Tens razão Angelina! Por acaso também achei achei isso do "O Grande Peixe" nem me lembrava dessa raridade.... Adorei o filme e apenas gostei do livro! Já li O Livreiro de Cabul", gostei bastante, aliás foi-me emprestado e vou acabar por o comprar pois tenho essa mania doida de adquirir os livros que li emprestados e que gostei muito.

    ResponderEliminar
  5. Macy e Angelina,
    Na verdade, o único filme adaptado de um livro que não me desiludiu, foi "Frankenstein"! Adorei tanto o livro como o filme.
    Li o "Livreiro de Cabul" e também gostei bastante. Mas não tem comparação com este livro. São histórias diferentes e até o tipo de escrita. "O Livreiro de Cabul", se bem que me lembro, era sobre uma familia afegã que tinha uma livraria, depois vieram os talibãs e (não posso contar o resto)... "O Menino de Cabul" fala essencialmente o valor de amizade entre dois afegãos, da traição, do remorso e do perdão. A escrita do Khaled Hosseini é profunda. Olhem, aconselho-vos a leitura do outro livro deste mesmo autor "Mil Sóis Resplandecentes", fala a amizade entre duas mulheres afegãs, uma história muito comovente. Tenho a certeza que vão adorar e ficar deliciadas com a escrita do autor! Experimentem. :)
    Boas leituras!
    Abraço.

    ResponderEliminar
  6. Pois, eu tb adorei esses dois livros, guerreiro!
    A minha opinião: http://otempoentreosmeuslivros.blogspot.com/2010/10/ja-sabia.html
    Boas e fortes leituras...

    ResponderEliminar
  7. Estão os dois na minha wishlist há algum tempo...

    ResponderEliminar